Net Yaroze e Linux no PS2: quando a Sony apoiava a criação de software para seus video-games



Os recentes problemas jurídicos e técnicos da Sony com os hackers até agora nos levam de volta até uma única decisão: a de eliminar a capacidade de executar o sistema operacional Linux no PlayStation 3. Enquanto a Sony bloqueava o Linux por medo de pirataria, os fãs ficavam chateados pelo fim dos ajustes personalizados e do desenvolvimento de software caseiro nos consoles PlayStation.

Mas o desenvolvimento “alternativo”, é bom lembrar, já foi apoiado e transformado em produto pela Sony. Em 1997, a empresa lançou um pacote chamado Yaroze. Vendo hoje, parece inacreditável, mas era isso mesmo. O Yaroze Netera um kit de desenvolvimento de “homebrew” para o PS1. Com ele, qualquer pessoa poderia conseguir uma versão “debug” do PlayStation com o software necessário para escrever seus próprios jogos.

O pacote Net Yaroze custava US$ 750 e incluía não apenas um console preto fosco, mas dois controles, software e todo o tipo de documentação que um programador amador precisaria para fazer seus próprios jogos. O console nem tinha trava de região! A única coisa que faltava nesse kit, na verdade, era um computador.

Parece incrível, não? Bem, mas não eram as mil maravilhas. Não era uma suíte de

desenvolvimento completa. Ela tinha sérias limitações no tamanho dos jogos que poderiam ser criados, então a maioria dos jogos caseiros parecia mais games ruins de PC do final dos anos 80 do que jogos de PSOne. O kit também surgiu cedo demais, quando a internet era um luxo e tornava quase impossível o compartilhamento dos jogos que você criava.

Por isso, o Net Yaroze durou apenas alguns anos. Nunca houve uma nova versão desse kit, mas em 2002 a Sony foi mais longe e lançou o Linux para PlayStation 2.

O kit de desenvolvimento de Linux para o PlayStation 2 não só permitiu que os usuários criassem seus próprios softwares, mas, sendo um sistema operacional completo, ele transformava seu console em um computador. Embora tenha provocado o surgimento de uma série de emuladores no PS2, rodando desde os antigos jogos de NES até… os antigos jogos de SNES, o kit facilitava o compartilhamento online dos jogos criados.

Mas o Linux para PlayStation 2 ainda sofria de outros problemas semelhantes aos do Yaroze Net, como restrições de tamanho e uma incapacidade de criar jogos que usassem o drive de DVD do PlayStation 2. Outro problema é que só era possível rodar jogos de PS2 criados no Linux se você tivesse o Linux no seu console. E, como nem todos tinham o conhecimento técnico ou o próprio kit instalado, poucas pessoas podiam realmente conhecer jogos novos.

O lado positivo? Ele vinha com um kit muito legal de teclado e mouse com a marca PS2.

O caso de amor com o Linux continuou com o lançamento do PlayStation 3, em 2006. Ele permitia a instalação do Linux, possibilitando que os usuários transformassem o videogame em computador mais um vez. Mas, em meio a preocupações crescentes de que isso poderia abrir brechas para tentativas de destravar o console, a Sony retirou o recurso – primeiro do PS3 Slim (lançado em 2009) e, em seguida, de todos os modelos mais antigos, através de uma atualização de firmware em 2010.

Então, como você pode ver, quando a Sony eliminou o suporte para Linux não estava apenas matando uma característica do PS3. Estava pondo fim a 13 anos de uma política que permitia a usuários fazerem coisas legais e personalizarem seus videogames. Isso pode não ser uma desculpa para as ações dos “hackers militantes” que supostamente derrubaram a PSN, mas dá uma ideia de por que a comunidade ficou tão irritada quando o suporte ao Linux foi banido do PlayStation 3.

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