E Se os Troféus Desaparecessem...


Apesar da Sony ter dito que os troféus estarão intactos com a volta da PSN Store, durante a semana muitos ficaram receosos quanto ao futuro deles. Somos encorajados a participar de rankings para disputar quem tem mais troféus, numa guerra que às vezes é saudável e em outras acaba sendo levado para o vício. Mas e se os troféus deixassem de funcionar? E se a Sony desativasse o sistema por questões de segurança ou outro motivo não revelado?
A primeira coisa que vem na cabeça é no tempo que você perdeu. Apesar de hoje videogame ser diversão descompromissada (exceto pros jornalistas e blogueiros que ganham a vida escrevendo notícias e jogando para fazer análises) caçar troféus está mais para perder tempo que você poderia usar para outro jogo ou para outra atividade qualquer. Aquela platina em Uncharted 2 ou mesmo fazer 100% em Burnout Paradise leva tempo. Como o sistema pode ser visto pela web você pode provar que fez e que é o maioral no jogo. Com os troféus indo pro beleléu você se dá conta do tempo enorme que você perdeu ao platinar um Demon’s Souls ou um Final Fantasy XIII, que podem passar das 100 horas, pelo menos. A menos que você tire uma foto do momento da platina, como algumas pessoas fazem.
O segundo fator é que o “fator replay” de muitos jogos também vão para o espaço. Jogar no Hard? Crushing? Very Hard? Terminar novamente um Dragon Age com outra classe e raça? Completar todas as licenças de Gran Turismo 5 em ouro? Zerar Demon’s Souls 3,4 vezes? Tudo isso deixa de ter algum sentido para a maioria, por serem tarefas mais difíceis e que apenas fãs mais fervorosos fariam, caso gostassem muito do jogo. O exemplo mais comum é o Metal Gear Solid 4, onde muitos até zeravam uma segunda vez, mas poucos tentaram jogar no nível Big Boss. Tarefas esdrúxulas, esquisitas, também seriam eliminadas, como algumas fotos de Need For Speed: Hot Pursuit e o Gran Turismo 5, que tem troféus de dentro do Photomode, onde você tem de fazer close num cara que “faz parte da paisagem”. São troféus curiosos e engraçados, mas não deixam de ser tarefas estranhas que o jogador terá de fazer por conta de um troféuzinho a mais na coleção. Também não teríamos algumas bizarrices, como o Dark Awake, que tem uma lista de troféus basica, mas que não teve tradução:
O terceiro, e que envolve diretamente a indústria, é que os games perderiam de valor, tal como já ocorre hoje com os jogos que não tem troféus. Hoje muitos jogos são mais conhecidos por terem platinas fáceis do que pela sua qualidade. Hannah Montana, Terminator Salvation, jogos baseados em filmes e que foram feitos correndo para serem lançados junto ao filme… Estes jogos perderiam valor de mercado e o último que comprou usado apenas para platinar não conseguiria vender mais para outro “platinador”. No máximo o game ficaria de presente pra irmãzinha que adora a Miley Cyrus e que ganhou um PS3 recentemente (ou vai jogar o do pai, que comprou só para ver filmes em Blu-Ray), e que jogaria bastante a Hannah Montana.
E tem outra: o jogador que tiver mais de uma plataforma da geração atual iria comprar a versão do concorrente. Se eu tivesse o 360 teria comprado o Call of Duty 4 para esta plataforma e escolheria a versão verde do Oblivion, por ter conquistas que vão pra minha ID. Jogos multiplataforma também, como um Resident Evil 5, o Hot Pursuit, Final Fantasy XIII…a maioria iria optar por games do console, aumentando ainda mais a base de usuários do console da Microsoft e a renda dela, pois muitos assinariam a versão Gold da Live. Agora, se o sistema de conquistas do X360 também não existisse, a maioria compraria os jogos pra PC, por conta do preço mais barato aqui no Brasil. Se eu tenho um PC potente pra rodar um Need For Speed: Hot Pursuit, pra quê comprar uma versão de console que custa o dobro? "Quero apenas jogar e por isso vou ficar no PC mesmo, pagando menos." Hoje muitos gamers já pensam assim e não estão ligando tanto pros sistemas de conquistas, pensando mais no próprio bolso, junto com as facilidades do Steam, eliminando os elevados impostos de importação.
O sistema de troféus se tornou tão natural que a gente nunca imaginaria o PS3 sem ele, e talvez seja por isso que a Sony implante no NGP logo no começo, para que todos os jogos da plataforma tenham este recurso. Fora que hoje a gente gosta de ter algum prêmio virtual pelo nosso esforço, mesmo que seja um troféu virtual. Numa edição da coluna “Além do Jogo” no UOL Jogos, o Guilherme Solari comentou que os troféus e conquistas funcionam como um MMO invisível, “do qual participam todos os membros da Xbox Live, queiram ou não. Ou seja, funcionam como quests, incentivando o jogador a buscar o equivalente a “subir de nível” em comparação com os demais jogadores”.
Os sistemas de conquistas também são uma arma contra a pirataria. Numa entrevista com a GameReporter, Fernando Souza Filho, editor da EGW, disse que "a guerra inteligente da indústria de games é oferecer o que o pirata não tem, como DLCs, mapas extras e os sistemas de conquistas/troféus. Quem preza os troféus não pensa em destravar o PS3, mas sem o sistema a vontade de destravar aumentaria. Mesmo a Sony não cogitando eliminar isso do console, não sabemos como que será o futuro. Esperemos que não seja tão sombrio."

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